Embora os fãs mais exigentes de artes marciais possam se decepcionar um pouco com o fato de todas as lutas acontecerem na escuridão da noite e, portanto, com suas coreografias pouco visíveis e apreciáveis.
De qualquer forma, a trama é bem armada para o gênero: em Berlim, a investigadora forense Mika (Naomie Harris) descobre que clãs milenares de guerreiros ninjas – talvez – pudessem estar em ação até os dias de hoje, vendendo seus serviços de assassinatos profissionais para governos totalitários, literalmente, a peso de ouro. Apostando fundo em suas investigações, os caminhos de Mika se cruzam com os de Raizo (vivido pelo astro sul coreano que se assina apenas como Rain), rapaz que desde criança se submeteu aos mais rígidos e violentos treinamentos ninja, mas que agora… bem, é melhor não falar mais nada para não estragar o que acontece depois. Para isso, já existem os trailers.
Alternando as cenas atuais com flashbacks, o roteiro propõe que o público vá, aos poucos, montando em sua mente o quebra-cabeças da história. Nada muito complexo, mas o recurso se mostra eficaz o suficiente para manter o interesse pela trama. Neste sentido, provavelmente visando o espectador mais desatento, o diretor reservou uma cena especial que chega a ter seu humor: durante uma fuga, Mika diz a Riazo: “Deixa ver se eu entendi direito…”, e começa a explicar tudo o que aconteceu até então, caso o espectador não esteja prestando muita atenção ou tenha saído para comprar pipoca. São concessões comerciais compreensíveis para o gênero.
O nível técnico de produção de Ninja Assassino é dos mais satisfatórios, com pirotecnia, fotografia, cenografia, edição e efeitos de bom nível. E não por acaso: entre seus produtores estão Joel Silver e os irmãos Wachowsky, responsáveis, entre outros, pelo sucesso da franquia Matrix.
Mesmo sem ser fora de série, Ninja Assassino é um filme corajoso, nestes tempos em que os estúdios de Hollywood preferem investir em personagens previamente conhecidos de outras mídias. Trata-se de um material original, desenvolvido para o cinema, não baseado em histórias em quadrinhos, nem em seriados de TV, nem em livros de sucesso. Se der certo, aí sim, as aventuras de Raizo podem vir a ser um seriado de televisão ou uma franquia de cinema. As bilheterias dirão sim ou não.
Como entretenimento funciona bem.
DEMIS E ADELE EM 2015: