Um grande artista não se faz somente pelo que vende, se faz pelo público que conquista e pela longevidade de 46 anos de carreira como o cantor espanhol Julio Iglesias. Ele começou sua turnê brasileira em setembro e segue com ela até dezembro. Poucos são os artistas de primeiro porte que fazem um giro tão amplo em solo brasileiro. Ao todo são 19 shows. E nesta quarta-feira (26), a partir das 22h, no Center Convention, os uberlandenses poderão conferir o show da turnê “1”.
Julio estava, literalmente, na estrada, a caminho da cidade, quando respondeu à entrevista por e-mail ao CORREIO de Uberlândia. Simpático, disse que será um prazer cantar para os uberlandenses. E apesar de a turnê “1” ser anunciada como sua despedida, Julio Iglesias não quer dizer que não voltará ao Brasil, mas as turnês muito longas definitivamente devem dar lugar a shows mais pontuais. “É sempre bom ter metas novas, porque isso te mantém alerta, vivo”, diz.
Aos 71 anos, com 60 álbuns lançados em uma carreira que começou no hospital, Julio Iglesias é, segundo o “Guinness Book”, o artista latino que mais vende discos, ultrapassou a barreira dos 300 milhões. Porém, mais do que cifras, ele gosta de privilegiar o público. “A música mudou a minha vida e nunca poderei agradecer o suficiente aos meus fãs”, afirma o artista, que já se apresentou na cidade nos anos 90.
Entrevista:
CORREIO de Uberlândia – Tantas décadas dedicadas à música ainda existem novidades. Imagina a expectativa dos fãs de Uberlândia para recebê-lo? Essa questão de sempre conhecer lugares novos é um dos motivos que o fez escolher a carreira de cantor?
Estou feliz de cantar em Uberlândia. Descobrir novas cidades em um país tão querido como o Brasil é um privilégio. Nesses 46 anos de carreira, os brasileiros têm sido muito generosos comigo ao me darem a oportunidade de cantar no Brasil de norte a sul e isso eu agradeço de coração. A carreira de cantor começou, para mim, pelas circunstâncias da vida. Depois de um acidente de trânsito que tive aos 20 anos de idade, no hospital, durante o período de recuperação, comecei a tocar violão e a compor as primeiras canções. Minha vida mudou por completo, graças à música.
Não me lembro de um artista como você ter feito uma turnê tão longa em solo brasileiro. É um público especial para você?
Sim, essa turnê pelo Brasil é enorme. Começamos em setembro e terminaremos em dezembro. Eu adoro os brasileiros. Me encanta cantar para eles, porque vivem a música intensa e profundamente. Logo que subo ao palco, percebo uma conexão especial com o público, sinto a vibração deles.
Como é saber que – dentro do mercado formal, sem contar a pirataria que assombra a indústria fonográfica – com seus discos, você está dentro da casa e, provavelmente, do coração de 300 milhões de pessoas?
Mais da metade desses 300 milhões de discos que vendi deve ter sido comprada pelo meu pai, que era meu fã número um (risos). É um privilégio quando te dizem que você é o artista latino mais vendido na história, mas a vida me ensinou que as cifras, no final das contas, não são tão importantes. O que importa de verdade é o sentimento, a paixão, querer sentir-se querido. Eu devo esses 46 anos de carreira a meu público, ao amor deles. Nunca poderei agradecê-los o suficiente.
“1” marca sua despedida das grandes turnês, mas li, em uma entrevista recente, que a música jamais deixará de fazer parte da sua vida. Vi algo como “vou cantar até o dia em que morrer” ou algo assim. Nessa longa estrada, tem algo, dentro do meio musical, que você ainda gostaria de realizar?
A música é minha vida. Espero que a vida siga sendo generosa comigo e me permita cantar até o final. Organizar turnês muito longas, como a deste ano pelo Brasil, não é fácil, por isso, é pouco provável que voltemos a montar uma turnê igual. Não quero dizer que não voltarei ao Brasil para shows pontuais. É sempre bom ter metas novas, porque isso te mantém alerta, vivo. Para mim, minhas metas são ter saúde e seguir cantando.
Sei que cada canção é como um filho. Certa vez, um artista nosso muito querido, saudoso Renato Russo, disse, referindo-se à música “Giz”, que era a que lhe dava mais orgulho de ter escrito. Quanto a Julio Iglesias, existe uma canção sua que considere especial?
E difícil escolher, porque cada música tem sua história e te traz lembranças de pessoas especiais que conheceu. Porém a canção-chave da minha vida é, sem dúvida, “La vida sigue igual”. Com ela, ganhei o Festival de Benidorm, em 1968, ali começou tudo.
Para terminar, quando estiver viajando menos, tem planos de escrever uma autobiografia ou produzir um documentário com sua história?
Prefiro viver a vida a contá-la!
Muito obrigada e seja bem-vindo a Uberlândia, tenho certeza que será um momento histórico para a cultura da cidade.
Muito obrigado. Será um prazer cantar para os uberlandenses.
DEMIS E ADELE EM 2015: